Nome: DANIEL RIBEIRO DA COSTA CALLADO
Pai: Consueto Ferreira Callado
Mãe: América Ribeiro Callado
Idade quando desaparecido: 34 anos
Operário metalúrgico, fluminense de São Gonçalo, concluiu aos 16 anos o curso de ajustador no SENAI e iniciou a vida profissional trabalhando na empresa Hime, hoje incorporada ao grupo Gerdau, naquela cidade. Convocado para o serviço militar no Exército, continuou exercendo sua profissão naquela Arma, de onde requereu baixa como 3º sargento. A seguir, foi trabalhar nos estaleiros Cacrem e abandonou o emprego em 06/04/1964, devido à perseguição política desencadeada pelo regime militar. Havia ingressado no PCdoB em 1962. O Relatório do Exército, de 1993, registra que “esteve na China, provavelmente realizando curso de guerrilha”.
Não existem informações sobre o ano em que se deslocou para o Araguaia, onde ficou conhecido como Doca e possuía, em sociedade com Paulo Rodrigues, um barco a motor, o “Carajá”, utilizado para comercializar roupas e utensílios diversos junto à população ribeirinha. No relatório do Ministério da Marinha, de 1993, constam as seguintes informações sobre Daniel: “Participou de greves, campanha de eleição sindical, comícios, ato no Rio em homenagem aos chineses, passeatas e comício durante a revolução em Niterói. Foi cursar guerrilha na China, passando pela URSS e Thecoslováquia. Participou do destacamento de subversivos em Esperancinha, Gameleira, Pau Preto, tendo se dispersado do grupo foi preso em Araguaína (...) Morto em 28 JUN 74”.
Nos primeiros meses de 1974, chegou a ser visto em três oportunidades na prisão, por Amaro Lins, conforme depoimento prestado no 4º Cartório de Notas de Belém (PA). Amaro disse que viu Daniel e que ele estava bem de saúde. Na terceira vez que o viu, Daniel estava sendo conduzido por um soldado. O soldado lhe disse que Daniel faria uma viagem de avião, sem dizer para onde. Na mesma época, uma moradora de Xambioá viu Daniel preso, com o pé machucado, na Delegacia da cidade. Depoimento de Joaquina Ferreira da Silva, para a Delegacia de Polícia de Xambioá, TO, em 29/04/91, informa sobre a morte de João Carlos Haas Sobrinho e que na mesma ocasião de seu sepultamento, foram enterrados os corpos de Daniel Ribeiro Callado e mais um homem.
No livro Operação Araguaia, de Taís Morais e Eumano Silva, está publicada uma foto, em que, segundo os autores, Daniel, aparece agachado ao lado do sargento Santa Cruz, tido como dos mais truculentos militares que atuaram na repressão aos guerrilheiros. Os jornalistas acrescentam mais informações sobre Daniel: “Bom de bola, montava times de futebol por onde passava. Em Rondonópolis (MT), fez parte da equipe campeã de um torneio amador em 1966. Teve na cidade uma oficina junto com Libero Giancarlo Castiglia, o Joca. Doca fez muitos amigos entre os moradores do Araguaia. Quando começou o confronto, conhecia a região como poucos companheiros. Pertenceu ao Destacamento C. Preso pelo Exército, apanhou muito e foi levado de um lado para outro na mata pelos militares”.
Elio Gaspari também menciona a foto de Doca quando discorre sobre as recompensas em dinheiro pela caçada de guerrilheiros: “Pela narrativa de um morador, a oferta de dinheiro era suficiente para enricar. Pelo menos dois sargentos com anos de serviço na selva (um com curso no Panamá) ficaram no Araguaia caçando guerrilheiros. Um deles seguiu para sudoeste e capturou dois fugitivos. Estabeleceu-se na região, onde obteve terras. O guerrilheiro Doca (Daniel Ribeiro Callado) foi fotografado na companhia do ex-sargento João Santa Cruz, na mata, ao lado de uma pequena cachoeira. Está agachado, com as mãos e os pés livres, na posição de quem compõe uma cena”.
Em março de 2004 a revista Época publicou reportagem assinada por Leandro Loyola, que ouviu soldados relatando episódios da guerrilha: “...o operário carioca Daniel Ribeiro Callado, o Doca, havia chegado vivo à base de Xambioá. Ele acabou sendo um dos prisioneiros mais duradouros do Exército. Preso em janeiro de 1974, entre maio e junho ele foi visto amarrado a uma cama de campanha na base. A foto no alto desta página, que mostra Doca ao lado do sargento Santa Cruz (um dos maiores algozes do Araguaia), confirma: ele foi usado pelos militares para apontar esconderijos de armas e suprimentos. ‘O Doca saía de helicóptero com eles de manhã e só voltava no final do dia’, conta o soldado Josean Soares. Ele conversava com Doca durante a noite, quando conseguia bananas roubadas para o preso, que estava muito fraco. (...) Enquanto o soldado esteve em missão na base, Daniel passou mais de dez dias preso. Quando veio pela primeira vez, estava de calça e sem camisa, coberto de picadas de mosquito. Recebeu uma camiseta e uma calça camuflada. Perambulou pela mata durante meses. Não se sabe onde foi morto ou enterrado”.
Daniel, aos 16 anos, terminou o curso de ajustador do SENAI. Como operário metalúrgico, iniciou sua vida profissional, trabalhando na HIME em Neves/RJ. Convocado para o serviço militar, continuou exercendo sua profissão, de onde requereu baixa como 3º sargento. A seguir, foi trabalhar nos estaleiros CACREM, abandonando o emprego, devido a perseguição política, em 06/04/64.Obrigado a viver na clandestinidade foi residir em Caianos e integrou o Destacamento C da guerrilha1.
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Biografia
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201771/2016-48
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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