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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: Luiz Ignacio Maranhão
 
Luiz Ignacio Maranhão

Nome: Luiz Ignacio Maranhão

Pai: Luiz Ignácio Maranhão

Mãe: Maria Salomé de Carvalho Maranhão

Idade quando desaparecido:

Dôssie
043/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.200700/2016-28
Nome
Luiz Ignacio Maranhão
Data de Nascimento
25/01/1921
Municipio de Nascimento
Natal (RN)
Status
Desaparecido
Biografia

 

João Massena Melo, Luiz Ignácio Maranhão Filho e Walter de Souza Ribeiro foram integrantes do Comitê Central do PCB foram presos em São Paulo no mesmo dia, 03/04/1974, e seus nomes integram a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.

 

Luiz Ignácio Maranhão Filho era advogado, jornalista, professor universitário e foi deputado estadual. Teve seu mandato cassado pelo pri-meiro Ato Institucional, em abril de 1964. Nascido em Natal (RN), estudou no Atheneu Norteriograndense, escola em que mais tarde seria professor, lecionando também na Fundação José Augusto e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Seu irmão, Djalma Maranhão, era prefeito de Natal quando da deposição de João Goulart, liderando nessa cidade uma gestão municipal inteiramente engajada na mobilização pelas reformas de base, em sintonia com as propostas de Paulo Freire, através de um programa de alfabetização que teve repercussão nacional: “De pé no chão também se aprende a ler”.

 

Jornalista, colaborou com diversas publicações do Rio Grande do Norte, particularmente com o Diário de Natal. Escreveu vários artigos para a Revista Civilização Brasileira. Filiou-se ao Partido Comunista em 1945, tendo sido eleito para o seu Comitê Central no VI Congresso do partido, em 1967.

 

Preso em 1952 pela Aeronáutica em Parnamirim (RN), foi brutalmente torturado, constituindo esse episódio um capítulo do livro História Militar do Brasil, de Nélson Werneck Sodré. Em 1958, foi eleito Deputado Estadual pela legenda do Partido Trabalhista Nacional (PTN), desempenhando o mandato até 1962.

 

No início de 1964, visitou Cuba a convite de Fidel Castro, juntamente com Francisco Julião, o líder das Ligas Camponesas. Com o Golpe de Estado de abril, foi preso e levado para a ilha de Fernando de Noronha, junto com o governador de Pernambuco Miguel Arraes e seu irmão prefeito, todos cassados. Libertado no final do ano, imediatamente passou à clandestinidade, fixando-se no Rio de Janeiro. Durante o período de vida clandestina, atuou em diversas missões e comissões partidárias.

 

Maranhão foi o dirigente que mais trabalhou no PCB a relação entre cristãos e marxistas, na trilha do diálogo proposto então pelo filósofo marxista Roger Garaudy, filiado ao Partido Comunista Francês. Essa face de sua militância foi estudada pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria Conceição Pinto de Góes, que lançou em 1999 o livro A Aposta de Luiz Ignácio Maranhão Filho – cristãos e comunistas na construção da utopia. Nesse trabalho a pesquisadora registra que Maranhão organizou a publicação de três encíclicas fundamentais na renovação da Igreja Católia – Populorum Progressio, Pacem in Terris e Mater et Magistra – sob o título A Marcha Social da Igreja, com uma introdução de Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Athayde.

 

No livro do Comitê Brasileiro pela Anistia do Rio de Janeiro, Desaparecidos Políticos, Reinaldo abral e Ronaldo Lapa fornecem algumas in-formações sobre o seu desaparecimento: “Sua prisão foi testemunhada por algumas pessoas e se deu numa das praças de São Paulo, quando foi cercado por homens que pareciam assaltantes. O que levou testemunhas a acorrerem com o intuito de ajudá-lo. Mas ao constatarem que se tratava de agentes policiais – colocaram algemas em seus pulsos – se afastaram, observando que ele foi conduzido num veículo comumente usado para transporte de presos comuns. Desde então Inácio nunca mais foi visto”.

 

Em maio de 1974, o deputado federal Thales Ramalho, que era secretário-geral do MDB, de sua ala moderada, mas colega de infância do co-munista desaparecido, leu da tribuna da Câmara carta de sua esposa denunciando o desaparecimento. Elio Gaspari registrou, em A Ditadura Derrotada: “Ramalho entrincheirou-se no embaraço, cobrando explicações do governo. Leu uma carta da viúva e concluiu: ‘É com sentimento de vergonha que transmito a esta Casa esse impressionante depoimento para o conhecimento de todos. Vergonha de que, em meu país, uma carta dessas possa ser escrita. Daqui, quero fazer um apelo ao presidente Ernesto Geisel: mande apurar este caso’”.

 

 Em 08/04/1987, matéria publicada na revista IstoÉ trouxe declarações do ex-médico Amílcar Lobo reconhecendo ter atendido Luís Ignácio no DOI-CODI/RJ, sendo essa a única informação obtida até hoje acerca de seu paradeiro.

 

O jornalista Elio Gaspari colhe vários depoimentos, em A Ditadura Derrotada, examinando a possibilidade de existir algum agente infiltrado no PCB naquele período como explicação para os cinco desaparecimentos ocorridos no início do governo Geisel. Ouviu do dirigente Givaldo Siqueira que ele estava desconfiado da possibilidade de Walter de Souza Ribeiro estar “campanado”. Segue a reconstrução de Gaspari:

 

“No dia 3 de abril, Ribeiro saiu de uma reunião numa casa em cuja vizinhança havia pessoas consertando a fiação de postes. Foi a um ‘ponto’ conversar com Luís Inácio Maranhão. Ex-deputado estadual no Rio Grande do Norte, defensor da anticandidatura de Ulysses Guimarães à Presidência da República e amigo do cardeal Eugênio Sales, Maranhão era uma espécie de chanceler do Partidão. Encarregava-se dos contatos com parlamentares e com a Igreja. Também iria a esse encontro João Massena Mello, ex-deputado estadual carioca e veterano agitador sindical do PCB. Pagara três anos de cadeia e estava em liberdade fazia pouco mais de um ano. Sumiram todos.(...)

 

Em 1992 um ex-sargento do Exército, Marival Chaves Dias do Canto, narrou ao repórter Expedito Filho, da revista Veja, uma parte de seus sete anos de serviço na máquina de repressão militar em São Paulo. Segundo ele, Luís Maranhão e João Massena acabaram num cárcere montado numa fazenda da estrada da Granja 20, em Itapevi. Liquidaram-nos com injeções de uma droga destinada a matar cavalos e jogaram seus corpos num rio. Walter de Souza Ribeiro, David Capistrano e José Roman foram levados para a casa que o CIE mantinha em Petrópolis. Esquartejaram-nos”.

Local de morte/desaparecimento
São Paulo (SP)
Organização política ou atividade
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
Lei nº 9.140/95 – 04/12/95
Referências

Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.200700/2016-28
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


Resultado do julgamento
Deferido
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