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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: HIRAN DE LIMA PEREIRA
 
HIRAN DE LIMA PEREIRA

Nome: HIRAN DE LIMA PEREIRA

Pai: Hilário Amâncio Pereira

Mãe: Maria Marieta de Lima Pereira

Idade quando desaparecido: 62 anos

Dôssie
294/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.200682/2016-84
Nome
HIRAN DE LIMA PEREIRA
Data de Nascimento
03/10/1913
Municipio de Nascimento
Caicó (RN)
Status
Desaparecido
Biografia

 

Nascido em Caicó, no sertão do Seridó, Rio Grande do Norte, esse dirigente do PCB também integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95. Além de militante comunista, trabalhou como jornalista e também desenvolveu atividades teatrais. Era casado com Célia Pereira e pai de quatro filhas.

 

Foi preso pela primeira vez no Rio de Janeiro, após a insurreição dirigida pela ANL – Aliança Nacional Libertadora, em 1935, permanecendo cerca de um ano na prisão. Dez anos mais tarde, com a derrubada do Estado Novo, foi eleito deputado pelo Partido Comunista no Rio Grande do Norte. Logo em seguida, o partido foi declarado ilegal e Hiran teve o mandato parlamentar cassado.

 

Mudou-se para Recife, em 1949, passando a trabalhar como redator do jornal Folha do Povo, órgão oficial do partido. Assumiu o posto de vogal numa das Juntas de Conciliação da Justiça do Trabalho sediada na capital pernambucana. Ao lado de David Capistrano da Costa, Gregório Bezerra, Paulo Cavalcanti e outros líderes comunistas, engajou-se ativamente na construção da Frente do Recife, que conquistou a prefeitura em 1955 com o engenheiro Pelópidas Silveira, cujo sucessor foi Miguel Arraes, eleito prefeito da capital em 1959 e governador em 1962. Hiran foi secretário municipal de Administração por três mandatos consecutivos.

 

Em agosto de 1961, durante a crise da renúncia de Jânio Quadros, mesmo estando no exercício pleno desse cargo, foi seqüestrado por agentes do IV Exército, juntamente com David Capistrano e outros dirigentes comunistas, desaparecendo por dez dias até ser levado para a ilha de Fernando de Noronha. Após sair da prisão, retornou às funções de secretário do Executivo Municipal de Recife e atuou como ator do grupo profissional Teatro Popular do Nordeste, na peça A Pena e a Lei, de Ariano Suassuna, com direção de Ermilo Borba Filho.

 

Após o Golpe de Estado de 1964, a esposa Maria Cecília e a filha Sacha Lídice Pereira foram detidas por agentes do IV Exército em sua casa, permanecendo presas no Regimento de Obuses de Olinda. Hiran permaneceu atuando clandestinamente em Recife até 1966, quando se transferiu para o Rio de Janeiro e, posteriormente, para a cidade de São Paulo. Teve os seus direitos políticos cassados em 20/02/1967. Até 1975 participou das ações do PCB na clandestinidade, como membro de seu Comitê Central e do jornalismo partidário. Seus familiares sabiam que, nesse período, ele usava o nome de José Vanildo de Almeida, identidade de um parente já falecido.

 

O último contato com a família ocorreu no início de 1975. Ele chegou a marcar três pontos alternativos para encontros nos dias 13, 15 e 17/01/1975, mas não compareceu a nenhum deles. Sua esposa foi presa no dia 15/01/1975 e permaneceu nas dependências do DOI-CODI da rua Tutóia, em São Paulo, sendo torturada por três dias, enquanto agentes do órgão permaneceram na casa de sua filha Zodja. Pela forma como foi conduzido o interrogatório, a esposa chegou à conclusão de que Hiran fora morto na mesma ocasião. Célia conta que chegou a vislumbrar, entre as várias pessoas conduzidas às sessões de torturas, um homem encapuzado com características físicas que lhe pareceram ser de Hiran. Cerca de um mês depois, duas filhas de Hiran, Zodja e Sacha, foram presas e interrogadas encapuzadas no DOI-CODI.

 

Em 06/03/1975, os advogados Maria Luiza Flores da Cunha Bierrenbach e José Carlos Dias, que seria posteriormente ministro da Justiça, entraram com petição na 1ª Auditoria da 2ª Circunscrição Judiciária Militar tentando localizar seu paradeiro e a esposa, Célia Pereira escreveu carta-denúncia, no dia 12 do mesmo mês, apelando à Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo nos seguintes termos:

 

“Apelo para que ajudem a encontrá-lo. Trata-se de um homem de 62 anos, cujo estado de saúde já nos inspirava cuidados mesmo antes disso, uma vez que sofre de problemas circulatórios e cardíacos, é herniado e está quase cego por conta de catarata e glaucoma. Precisamos encontrá-lo urgentemente, pois, conhecendo os métodos desumanos usados pelos seus coatores, receamos não chegar a tempo de proporcionarlhe a assistência médica de que tanto necessita”.

 

Em 20/09/1976, Hiran foi julgado à revelia pela 2ª Auditoria da Marinha. O Relatório do Exército, de 1993, menciona apenas que, em março de 1991, uma reportagem no Jornal do Brasil, após a abertura dos arquivos do DOPS (PE), informa que no seu prontuário havia um extrato bancário do dia 28/01/1975, que seria a data de sua morte. O relatório do Ministério da Marinha alude à sua prisão por agentes de segurança em abril de 1975. Um documento encontrado no DOPS/RJ, em 1992, identificado como DI/DGIE do RJ, datado de 07/12/1979, informa que Hiran teria sido preso em 15/01/1975, estando desaparecido a partir de 26/06/1976, conforme publica um manifesto do MDB. Nos arquivos secretos do DOPS/PR foi encontrada uma ficha com o nome de Hiran na gaveta contendo 17 nomes sob a identificação “falecidos”.

 

Até hoje, a informação mais contundente e taxativa a respeito do destino desse desaparecido político brasileiro foi dada pelo ex-agente do DOI-CODI/SP, Marival Chaves, ao jornalista Expedito Filho, da Veja, conforme publicado em sua edição de 18/11/1992. O ex-sargento cita explicitamente Hiran de Lima Pereira entre os membros do Comitê Central do PCB que teriam sido mortos pelo DOI-CODI e jogados na represa de Avaré, interior de São Paulo.

Local de morte/desaparecimento
São Paulo (SP)
Organização política ou atividade
PCB
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
AT0.40.01 - pg.17
Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo:00005.200682/2016-84
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


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