Nome: MARIANO JOAQUIM DA SILVA
Pai: Antônio Joaquim da Silva
Mãe: Maria Joana Conceição
Idade quando desaparecido:
Dirigente da VAR-Palmares conhecido como Loyola, seu nome também faz parte da lista anexa à Lei nº 9.140/95, que relacionou 136 desaparecidos políticos cuja responsabilidade pelas mortes foi assumida automaticamente pelo Estado brasileiro com a publicação da lei. Preso por agentes do DOI-CODI em 01/05/71, na estação rodoviária de Recife, foi levado para o Rio de Janeiro, São Paulo e de volta ao Rio de Janeiro, onde desapareceu.
Afrodescendente e filho de uma família camponesa pobre, começou a trabalhar aos 12 anos como assalariado agrícola e, em seguida, como operário da indústria de calçados. Estudou apenas até a 3ª série ginasial. Em 1951, casou-se com Paulina Borges da Silva, com quem teve sete filhos. Militante do PCB a partir de meados dos anos 50, integrou o Comitê Municipal de Recife. Já em 28/10/1954 enfrentou uma primeira experiência de prisão, em Timbaúba (PE), por “atividade subversiva”, sendo liberado três dias depois. Foi novamente detido em 05/05/1956.
Em 1961, foi eleito secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Timbaúba. Em 1963, era membro do Secretariado Nacional das Ligas Camponesas, que ajudou a implantar na Bahia, Rio de Janeiro, Maranhão e Piauí. Em 1963, instalou-se em Brasília, tendo participado no apoio à rebelião dos sargentos da Aeronáutica, ocorrida na capital federal em setembro daquele ano. Após a deposição de João Goulart, em abril de 1964, mudou-se com a família para Goiás, onde trabalhou na agricultura. Em 1966, foi decretada sua prisão preventiva e, desde então, passou a viver na clandestinidade. Militou também no PCdoB e ligou-se à AP em 1967, sendo o quadro mais importante de sua Comissão de Assuntos Camponeses. Em 1968, sai da AP e mais tarde, incorpora-se à VAR-Palmares, integrando o seu Comando Nacional a partir de 1969.
Inês Etienne Romeu, em seu relatório de prisão, afirma que esteve com Mariano no sítio clandestino de Petrópolis (RJ), conhecido como “Casa da Morte”. Inês disse ter estado com Mariano três vezes, duas na presença dos carcereiros e uma a sós. Mariano lhe contou que permanecera 24 horas preso em Recife, de onde chegou com o corpo em chagas. Em Petrópolis, foi interrogado durante quatro dias ininterruptamente, sem dormir, sem comer e sem beber. Permaneceu na casa até o dia 31 de maio, fazendo todo o serviço doméstico, inclusive cortando lenha para a lareira. Inês afirma, ainda, que teve contato com Mariano até o dia 31 de maio, quando, na madrugada, ouviu uma movimentação estranha e percebeu que ele estava sendo removido. No dia seguinte, indagou a seus carcereiros sobre Mariano, os quais lhe disseram que ele havia sido transferido para o quartel do Exército no Rio de Janeiro. Desde então, nada mais se soube de seu paradeiro. Em princípio de julho, o carcereiro conhecido por Inês como “Dr. Teixeira” lhe disse que Mariano fora executado, pois pertencia ao comando da VAR-Palmares e era considerado irrecuperável.
Fonte: Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p. 164.
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