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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: HAMILTON PEREIRA DAMASCENO
 

Nome: HAMILTON PEREIRA DAMASCENO

Pai: Lucas Damasceno

Mãe: Maria Filomena Pereira Damasceno

Idade quando desaparecido: 24 anos

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
040/02
Nome
HAMILTON PEREIRA DAMASCENO
Data de Nascimento
15/03/1948
Municipio de Nascimento
Miracema (RJ)
Status
Desaparecido
Biografia

 

O nome do técnico em laticínios Hamilton Pereira Damasceno, desaparecido desde fevereiro de 1972, nunca constou nas listas oficiais de mortos e desaparecidos políticos. Em 1979, ao organizar sua lista, o Comitê Brasileiro pela Anistia do Rio de Janeiro tinha a foto de Hamilton Pereira Damasceno, com a anotação de que trabalhava na Cooperativa Central de Produtores de Leite - CCPL - e que desaparecera em 1972. Junto à foto, infelizmente, não estava anotada qualquer forma de contato com a família, critério considerado essencial para inclusão do nome na lista. O contato com a família foi feito apenas a partir da divulgação da Lei nº 9.140/95, e o processo somente foi protocolado com a nova redação introduzida em 2002, que reabriu o prazo para apresentação de requerimentos.

 

João Pereira Damasceno conta que tomou conhecimento da militância política do irmão no final de 1971, quando Hamilton esteve pela última vez em Miracema, sua terra natal em Minas Gerais. Os dois ainda se encontrariam em janeiro de 1972, na pensão onde Hamilton morava no Rio de Janeiro. De acordo com João, o irmão estava apreensivo e disse que “sumiria” por uns tempos, pois sentia o cerco se fechando, pedindo que se a mãe perguntasse por ele, dissesse que estava bem. Ainda conforme o relato do irmão, a mãe, angustiada com a falta de notícias, dirigiu-se à referida pensão e soube que, logo após a visita do irmão, policiais à paisana estiveram à procura de Hamilton e como não o encontraram levaram toda a sua bagagem. Nunca mais tiveram notícias dele.

 

A aprovação do processo se fundamentou em declarações de Pedro Batalha da Silva e Jorge Joaquim da Silva, funcionários da CCPL presos no Rio de Janeiro em 1972. Jorge conheceu Hamilton em 1970, quando passou a integrar a ALN. Foi preso em 02/02/1972 ao sair de casa, em Nova Iguaçu (RJ). Recebeu pelas costas disparos que lhe atingiram de raspão a espinha. Encapuzado e levado para o DOI-CODI, mesmo ferido, foi interrogado. Removido ao Hospital Souza Aguiar, permaneceu ali sete dias, sempre sob interrogatório. Voltou ao DOI-CODI, onde continuou a ser interrogado. Levado ao Hospital do Exército, lá ficou por três meses e 10 dias, até ser libertado em 26/09/1972, Respondeu a processo em liberdade, como envolvido num assalto que militantes da ALN realizaram à CCPL. Terminou sendo absolvido.

 

Ao retornar para casa, uma vizinha que presenciara sua prisão contou que, logo após ter sido levado, fora retirado de outro carro um rapaz moreno, baixo, de cabelo preto e liso, que estava envolto em uma lona verde. Ele estava algemado e foi espancado e chutado em plena rua. Jorge teve certeza de que se tratava de Hamilton preso, pois era a única pessoa que conhecia seu endereço. Pedro Batalha também testemunhou que conheceu Hamilton na CCPL em 1970, passando a militar na ALN a seu convite. Não há qualquer referência ao nome de Hamilton em todos os processos judiciais sobre o assalto àquela empresa.

 

Na CEMDP, o caso foi julgado em agosto de 2005, sendo aprovado por unanimidade.

Local de morte/desaparecimento
Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade
ALN
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
AT0.38.07- pg.50; AT0.38.08 - pg.99; AT0.38.09 - pg.39
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