Nome: JAYME AMORIM DE MIRANDA
Pai: Manoel Simplício de Miranda
Mãe: Hermé Amorim de Miranda
Idade quando desaparecido: 49 anos
Foi preso no Rio de Janeiro, em 04/02/1975, ao sair de sua casa no bairro do Catumbi. Nascido em Maceió (AL), jornalista e advogado, Jayme Amorim era membro do Comitê Central do PCB e seu nome consta na lista dos mortos e desaparecidos políticos do Anexo da Lei nº 9.140/95. Ocupou no PCB o importante posto de Secretário de Organização. Era casado e pai de quatro filhos.
Membro do PCB desde a juventude, suspendeu seu curso de Direito, em Maceió, quando já estava no 3º ano, por orientação partidária, para ingressar na Escola de Sargento das Armas. Depois de três anos como sargento, retomou a Faculdade de Direito e colou grau numa cerimônia em que seus colegas o protegeram para que não fosse preso pela polícia do autoritário governador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor.
Nesse período, cumpriu um ano de prisão em Maceió, onde era proprietário do jornal A Voz do Povo, orientado editorialmente pelo Partido Comunista. Quando foi solto, já tinha promovido uma revolução no presídio de Maceió, atuando como advogado na defesa dos presos comuns, orientando seus familiares para que pressionassem o Judiciário, denunciando todas as arbitrariedades do sistema prisional. O jornal foi fechado após abril de 1964, sendo Jayme Amorim novamente preso. Posto em liberdade vigiada um ano depois, tinha que se apresentar semanalmente numa dependência militar. Como saíra enfermo da prisão, com suspeita de câncer na laringe, e precisando buscar tratamento adequado num centro maior, Jayme seguiu para o Rio de Janeiro, deixando de se apresentar às autoridades do regime, o que levou a polícia a interrogar seu pai e prender o irmão Haroldo.
Como dirigente do PCB, Jayme esteve na União Soviética várias vezes e chegou a ter uma conversa direta com Mao Tse-tung, em Pequim, a respeito do conflito sino-soviético. Como era poliglota, vivendo como se fosse exilado em seu próprio país, Jayme traduzia clandestinamente textos para jornais importantes do Rio de Janeiro e de São Paulo, ganhando assim uma parte do sustento da família.
Em meados de 1973, Jayme foi enviado à União Soviética para tratamento de saúde, de onde retornou pouco antes de ser preso e desaparecer. Nessa época, devido às várias prisões ocorridas no alto comando do PCB, o partido já decidira pela sua saída definitiva do país. No entanto, em 04/02/1975, Miranda deixou sua casa no Catumbi, beijou o pai e irmã, que tinham vindo de Maceió para visitá-lo, e nunca mais foi visto.
O irmão de Jayme, o jornalista Haroldo Amorim de Miranda, em entrevista para o livro Desaparecidos Políticos, organizado por Reinaldo Lapa e Ronaldo Cabral, apresentou uma primeira hipótese sobre o desfecho e desaparecimento do corpo: “de acordo com informações filtradas nos subterrâneos da resistência comunista, junto com outros presos igualmente torturados em São Paulo, Jayme teria sido jogado de um avião militar a 200 milhas da costa, no Oceano Atlântico”.
Jayme foi julgado à revelia na 2ª Auditoria da Marinha em setembro de 1978, juntamente com outras pessoas tidas como desaparecidas, acusadas de reorganizar o PCB: Orlando Bomfim, Luiz Inácio Maranhão, Hiran de Lima Pereira e Élson Costa. O Relatório do Ministério do Exército, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, informa apenas que Jayme “esteve em Moscou e seu nome aparece numa lista de brasileiros que passaram pelo aeroporto de Orly, em Paris, com destino aos países do leste europeu, em 1974. Usava o nome falso de Juarez Amorim da Rocha”. Já o Relatório do Ministério da Marinha, do mesmo ano, registra que, com data de agosto de 1979, “figurou em uma relação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro cassados pelo AI 1, 2 e 5 e desaparecido depois de ter sido preso (Relação s/n de 20/08/79 - CAM-DEP)”.
Na já citada entrevista que o ex-agente do DOI-CODI/SP Marival Chaves concedeu à revista Veja de 18/11/1992, o jornalista Expedito Filho faz a pergunta: “Voltando ao rio de Avaré. O senhor falou em oito nomes, mas contou só seis”. E obtém como resposta: “Um é Jayme Amorim de Miranda, também preso na Operação Radar, numa das incursões do DOI de São Paulo ao Rio. Foi transferido para Itapevi. Seu irmão Nilson Miranda, que era secretário-geral do PCB de Porto Alegre, estava preso no Ipiranga. Um não sabia onde estava o outro. O Nilson sobreviveu”.
O jornalista Elio Gaspari também registra, em A Ditadura Encurrala, que Jayme teria sido visto no DOPS de São Paulo e que foi assassinado no aparelho do CIE em Itapevi.
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.200691/2016-75
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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