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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: ÁUREA ELIZA PEREIRA VALADÃO
 
ÁUREA ELIZA PEREIRA VALADÃO

Nome: ÁUREA ELIZA PEREIRA VALADÃO

Pai: José Pereira

Mãe: Odila Mendes Pereira

Idade quando desaparecido: 24 anos

Dôssie
069/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201774/2016-81
Nome
ÁUREA ELIZA PEREIRA VALADÃO
Data de Nascimento
06/04/1950
Municipio de Nascimento
Monte Belo (MG)
Codinome(s)
Eliza
Status
Desaparecido
Biografia

 

Áurea passou a infância com sua família na Fazenda da Lagoa, município de Monte Belo, no sul de Minas Gerais, onde seu pai era administrador. Entre os 6 e os 14 anos, estudou no Colégio Nossa Senhora das Graças, em Areado, concluindo ali o curso ginasial. Mudou-se em 1964 para o Rio de Janeiro e foi cursar o segundo grau no Colégio Brasileiro, em São Cristóvão. Aos 17 anos, prestou vestibular para o Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde pretendia se especializar em Física Nuclear.

Na Universidade, participou do Movimento Estudantil no período de 1967 a 1970, tendo sido membro do Diretório Acadêmico de sua escola, juntamente com Antônio de Pádua Costa e Arildo Valadão, ambos também desaparecidos no Araguaia. Áurea casou-se com Arildo Valadão no dia 06/02/1970, no Rio de Janeiro e, no dia seguinte, realizou a cerimônia religiosa na Basílica de Aparecida do Norte, em São Paulo. No segundo semestre de 1970, mudou-se junto com Arildo e Antônio de Pádua para o Araguaia, sendo os três militantes do PCdoB, indo viver na região de Caianos. Ali trabalhou como professora e ingressou no Destacamento C, comandado por Paulo Mendes Rodrigues.

No início de 1974, já viúva de Arildo, foi vista no 23° Batalhão de Infantaria da Selva, pelo preso Amaro Lins, ex-militante do PCdoB, que prestou depoimento sobre isso no 4° Cartório de Notas de Belém (PA). Amaro relata também que ouviu um policial dizer a Áurea que arrumasse suas coisas, pois iria “viajar”. Viajar era o termo utilizado por policiais para designar execução.

No relatório do Ministério da Marinha consta como, “morta em 13/06/74”. O Relatório do Exército não fala na morte, mas informa que “Durante a guerrilha do Araguaia, chefiou um grupo de terroristas armados de revólveres cal.38 e espingardas cal.20 que participou, em 4 AGO 73, de uma festa na Fazenda Sapiência”. Segundo depoimento de uma moradora de Xambioá, que não quis se identificar, Áurea teria sido vista sem vida na delegacia da cidade e seu corpo estaria enterrado no cemitério local.

Em Operação Araguaia, os jornalistas Taís Morais e Eumano Silva descrevem: “Querida por todos, trabalhou como professora no povoado de Boa Vista e esbanjava simpatia. Dois mateiros a prenderam no início de 1974 e a entregaram à repressão. Amarrada, muito magra, faminta e doente, vestia apenas um pedaço de sutiã. As roupas rasgaram em meses seguidos de fuga pela mata úmida e cheia de espinhos. Foi encontrada junto com Batista, morador da região recrutado pela guerrilha, também debilitado pelas dificuldades de sobrevivência na mata. Áurea foi vista viva, depois de presa, na base de Xambioá”.

Elio Gaspari, descrevendo o mecanismo de recompensas em dinheiro para quem matasse guerrilheiros, apresenta em A Ditadura Escancarada mais uma importante informação: “Adalberto Virgulino, que capturou a guerrilheira Áurea (Áurea Eliza Valadão), recebeu oitocentos cruzeiros e um maço de cigarros”.

Em 18 e 19 de março de 2004, o jornalista Adriano Gaieski, da Agência Brasil, produziu matéria sobre novos depoimentos tomados de moradores da região pelo Ministério Público Federal, com as seguintes informações: “A terceira testemunha, cujo nome o Ministério Público Federal manteve em sigilo, foi identificada apenas como Ferreira. (...) ele confirmou os maus tratos sofridos pelos soldados, a violência e as execuções sumárias sofridas pelos guerrilheiros. O ex-militar contou ao procurador Adrian Pereira Ziemba ter visto a chegada, na base militar, de Áurea Eliza Pereira Valadão, 24 anos.(...) Conforme Ferreira, Áurea foi torturada durante todo um dia e uma noite. No dia seguinte, os militares a colocaram num helicóptero e ela nunca mais foi vista”.

O relatório já mencionado, produzido em 28/01/2002 por quatro procuradores do Ministério Público Federal que visitaram a região, reforça a mesma informação: “Áurea: Áurea Elisa Pereira Valadão, presa, junto com Batista, na casa de uma moradora da região, onde iam comer diariamente. Teria sido levada para a base de Xambioá, onde foi vista”1.

 

Local de morte/desaparecimento

 .

Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
ACE 54730/86
Referências

 

Biografia

1 Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p. 225, 226.

 

Circustância de morte/desaparecimento

2 MORAIS, Taís; SILVA, Eumano. Operação Araguaia - os arquivos secretos da guerrilha. São Paulo: Geração Editorial, 2006. p.566.

3 MORAIS, Taís; SILVA, Eumano. Operação Araguaia - os arquivos secretos da guerrilha. São Paulo: Geração Editorial, 2006. p.510.

4 Depoimento ao MPF, testemunha mantida sob sigilo identificado apenas como "Ferreira" - 18 de Março de 2004 e 28 de janeiro de 2002.

5 MIRANDA, Nilmário; TIBÚRCIO, Carlos. Dos filhos deste solo. Mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar: a responsabilidade do Estado. 2ª Ed. Revista e Ampliada. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2008. p. 195.

6 Relatório da Marinha.

 

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201774/2016-81
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


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