Nome: ADRIANO FONSECA FILHO
Pai: Adriano Fonseca
Mãe: Zélia Eustáquio
Idade quando desaparecido: 27 ou 28 anos
Adriano Fonseca Filho nasceu de uma família presbiteriana, em Ponte Nova (MG), era o segundo filho entre cinco irmãos. Fez o curso primário nessa cidade e, aos dez anos, transferiu-se para Belo Horizonte onde estudou como interno no Colégio Batista. Fez o curso científico na cidade de Lavras (MG), no Instituto Gammon, também em regime de internato.
Aos 17 anos, Adriano mudou-se para o Rio de Janeiro. As atividades no Movimento Estudantil levaram-no a reduzir a freqüência com que visitava a família, mas sempre que voltava à terra natal levava livros e orientava os irmãos. Morava num apartamento em Ipanema, que compunha uma espécie de república de estudantes, intelectuais e artistas. Trabalhava no Tribunal Super Eleitoral, além de dedicar-se ao teatro, encenando e escrevendo peças teatrais. Uma das peças em que atuou como ator foi montada no Teatro Tereza Rachel.
Fez o pré-vestibular do Centro Acadêmico Edson Luís (CAEL) e foi aprovado para o curso de Filosofia da UFRJ, em 1969. O começo do curso marca também seu ingresso na militância do PCdoB. A repressão militar, a partir do AI-5, fez com que entrasse na clandestinidade. No final de 1970, início de 1971, participou da Comissão Organizadora da Juventude Patriótica, movimento criado por iniciativa do PCdoB. Viveu durante um ano e meio no sótão de um prédio antigo no Leblon. Do bairro carioca, foi para a região da Gameleira, no Araguaia, onde passou a integrar o Destacamento B, assumindo o nome Chicão e sendo conhecido também pelo apelido Queixada, devido ao queixo grande1.
Ângelo Arroyo registrou em seu relatório a respeito da morte de Adriano: “dia 28/29 de novembro, o grupo acampou nas cabeceiras da grota do Nascimento. Chico (Adriano) recebeu um tiro, caindo morto. Eram 17h. Em seguida, ouviram-se mais seis tiros”. O relatório do Ministério do Exército diz que Adriano teria morrido em combate com as forças de segurança na guerrilha do Araguaia, onde atuava no Destacamento C. Já o relatório do Ministério da Marinha registra que ele foi “morto na região do Araguaia em 03/12/1973”.
O livro de Taís Morais e Eumano Silva sustenta que Adriano morreu quando caçava jabuti para alimentação dos guerrilheiros e acrescenta “Uma equipe do Exército segue pela mata por volta das cinco da tarde. O oficial comandante da missão apresenta-se como Doutor Silva. O mateiro Cícero e outro morador, Raimundo Severino, guiam a patrulha. Em uma curva do caminho, aparece um guerrilheiro. Raimundo aponta a espingarda e puxa o gatilho. Chico recebe o tiro no peito, leva a mão ao rosto e solta um gemido profundo. O lamento de dor e desespero ecoa pela mata e faz Cícero estremecer. Chico morre na hora.
Orientado pelo Doutor Silva, Raimundo Severino avança com um facão na direção do corpo. A lâmina corta o pescoço e separa a cabeça do combatente. O sangue quente do comunista escorre pelo chão do Araguaia.(...)
Doutor Silva manda Cícero colocar a cabeça do guerrilheiro em um saco e carregar até outro ponto da floresta. Com os nervos abalados pela cena, o mateiro tem a sensação de carregar um corpo inteiro”.
Biografia
1 Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p. 225, 226;
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201787/2016-51
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
Atualize o Flash Player